domingo, 25 de julho de 2010

De bike até a Praia de Castelhanos – Ilha Bela

Segundo algumas pesquisas de opinião, das 2045 praias do nosso extenso litoral brasileiro chegou-se à relação final das melhores praias, no entanto, foi levado em conta não apenas as praias mais bonitas do Brasil, mas também o nível de preservação de cada uma delas. Por isso, em geral, são praias de difícil acesso, poupadas pelo assédio predatório do turismo massivo. No topo desta lista temos a Praia de Castelhanos.
(Fonte: http://www.g4road.org/best.htm).

O acesso a esta praia é uma estrada de 22 Km, que cruza o Parque Estadual, de oeste para leste, bem no meio da Ilha, sendo a única ligação por terra entre os dois lados de Ilhabela, A estrada de Castelhanos só pode ser vencida por veículos com tração 4X4, constantemente corroída pela chuva, e cortada por inúmeras minas d'água, rios e cachoeiras que brotam da montanha. O roteiro começa no nível do mar, chegando a quase 800 m de altitude e retorna ao litoral, sempre através da Mata Atlântica. Depois de uma semana de chuva, a estrada que já é difícil ficou inacessível, nem os 4x4 estavam passando por lá. Quando pedíamos informação sobre a ida até Castelhanos, a reação das pessoas era: “impossível chegar lá, vai empurrar a bike o tempo todo!; vai pagar os pecados!; é muita subida!; vai levar a bike nas costas!; vocês são doidos!” Teve até um cara que ao nos ver entrar na estrada, gritou: Boa viagem, a pé! O mais interessante, é que cada vez que ouvíamos esses comentários, dava mais vontade de ganhar aquela montanha.

Alguns cuidados básicos que ajudaram muito nesse rolê:
Levar e passar muuuuito repelente, detalhe, não adianta passar repelente industrializado, tem que ser um especial de citronela feito lá. Os borrachudos derrubam o ciclista da bike.
Levar óleo para lubrificar as correntes, pois é lama o tempo todo, além de ter que atravessar um rio com água até metade da bike
Levar lanterna e alimentação, porque o role não é curto.
E, é claro, levar todo equipamento de costume.
O rolê:
Saímos bem cedo as 7,30 h depois do cafezão da manhã da pousada, antecipadamente servido só para nós (Very Important Person). E fomos adentrando aquela magnífica mata atlântica. Até o topo da montanha foi bem normal, nem percebemos a dificuldade da subida porque a natureza lá em cima é deslumbrante, tem várias cachoeiras, o som da mata é divino, pássaros, samambaias gigantes, árvores lindas, aromas estonteantes e uma biodiversidade tão conservada, que nunca tínhamos visto.

Punk mesmo, foi a descida! Teve de tudo! lama, valeta que era quase um abismo, atoleiro, árvores no meio da estrada, pedras pequenas e outras gigantes, buraco, buraco liso, buraco fundo, buraco seco e com muuuita água. Realmente tudo o que falaram para nós era verdade (Ainda bem que é disso que a gente gosta! Uhu!!!). Tivemos que atravessar um rio Ma-ra-vi-lho-so!!! e é claro que nesse momento o repelente saiu, né! Nem precisa dizer que quase fomos devorados pelos ilustres moradores da Ilha bela, os super borrachudos com DNA de Pitbull e boca de picador de gelo. Isso tudo estava valendo a pena, porque a cerca de 200 m da travessia desse rio, esta ali, a deslumbrante Baía dos Castelhanos, uma das praias mais lindas que já vimos. A sensação de ter conseguido chegar “inteiro” e ver aquele mar lindo foi impar... Chegamos exatamente ao meio dia, comemos um lanche e em 20 minutos já nos preparávamos para voltar, pois sabíamos que, se pra descer foi um perrengue, imagine pra subir. A idéia era chegar antes de escurecer, então, não enrolamos muito (ainda bem, porque agora vamos ter que voltar pra conhecer a tal da Cachoeira do Gato, os dois rios que deságuam lá, as trilhas, as praias Mansa, Vermelha, Figueira e do Gato).

A subida da volta foi (Punk³)² . O grau de dificuldade com diversas técnicas me obrigou usar a melhor de todas as técnicas: descer da bike, não é vergonha dizer isso pois em certos momentos tínhamos que pedalar por um barranco liso e com um abismo do lado, O Paulinho não desceu da bike e ainda prossegiu clipado! A corrente, depois de tanta lama, rio, cipó enroscado, poça e atoleiro ficou travando e uns tombinhos fizeram parte da aventura. Quando fui passar em cima de um galho de uma árvore que estava caída no meio da estrada, quase atropelei uma cobra, não sei quem se assustou mais, se fui eu ou foi ela com meu grito, mas, garanto que tudo isso ia completando satisfatoriamente nosso passeio, depois de alcançar o cume, descemos tranquilamente e chegamos as 18 h. deslumbrados com tanta beleza.